POETAS /BIOGRAFIA /HISTÓRIA

Cláudio Manuel da Costa

Introdutor do Arcadismo no Brasil, Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) estudou Direito em Coimbra. Rico, advogou em Mariana, SP, onde nasceu e estabeleceu-se depois em Vila Rica. Foi um poeta de transição, ainda muito preso ao Barroco. Era grande amigo de Tomás Antônio Gonzaga, como atesta a poesia deste. Tinha os pseudônimos (apelido, no caso dos árcades, de origem pastoril) de Glauceste Satúrnio e Alceste. O nome de sua musa era Eulina. Foi preso em 1789, acusado de reunir os conjurados da Inconfidência Mineira. Após delatar seus colegas, é encontrado morto na cela, um caso de suicídio até hoje nebuloso. Na citação a seguir está presente um elogio ao campo, lugar idealizado pelos árcades.


Principais Obras




Munúsculo Métrico - Romance (1751)

Prólogo:

Onde, ó Musa, me elevas? Onde sobes,
Temerária ambição, se o campo estéril
Da infrutífera idéia não fecundam
Liberais desperdícios de Hipocrene?
Quebra as elevações; porque se moves
As asas da ousadia, em vão pertendes
Teus vôos alentar, sem que primeiro
Da alta esfera a proporção observes.
E se é tão grande o Herói, que do respeito
Nele os olhos fitar-se mal se atrevem,
Como a indultos do júbilo se rompe
Do sagrado silêncio o voto ardente?



O Parnaso Obsequioso - Drama (1768)

Prólogo:

Mus. Já despede a fria noite
Toda a sombra, todo o horror;
Torna ao mundo o novo dia,
Que enche a terra de esplendor.
APOLO Douram-se os montes,
MERC. Riem-se os vales,
AMBOS Das claras fontes
Brilha o licor.
TODOS Oh! que alegre mudança que tudo...
2 MUS. Floresce...
2 MUS. Esclarece...

Vila Rica (1773)
Prólogo:

Ilmo. e Exmo. Sr.,
Depois de haver escrito o meu Poema da fundação de Vila Rica, Capital das Minas
Gerais, minha Pátria, a quem o deveria eu dedicar mais que a V.Exa.? Há muito que
ansiosamente solicito dar ao Mundo um testemunho de agradecimento aos
benefícios que tenho recebido da Excelentíssima Casa de Bobadela: este me
persuado que o pode ser, se não pelo mais completo, ao menos pelo mais puro: a
idade que o ler confessará ingenuamente que não obrou a lisonja, aonde sobressai
a verdade. Dirão que adornei de louvores os preclaríssimos nomes de V.Exa. e do
Esmo. Sr. Gomes Freire de Andrada, bem digno Irmão, mas poder-se-á conhecer ao
mesmo tempo que me deu dilatadíssimo campo um merecimento a todas as luzes
sólido, grande e incontestável.

Poesias Manuscrita - Poesias (1779)
     Prólogo:
Ao Ilmo. e Exmo. Sr. D. Antônio de Noronha, na ocasião em que os movimentos da
Guerra do Sul o obrigaram a marchar para o Rio de janeiro com as tropas de Minas
Gerais.
Marte feroz, que com semblante irado
Influís nos mortais a dura guerra,
Sofre que a teus ouvidos chegue o brado
Da minha aflita, e magoada Terra:
A paz tranqüila e o sereno estado
Do nosso bem por ti já se desterra;
Por ti eu vejo que a discórdia crua
Sacode as serpes da madeixa sua.



Basílio da Gama


O poeta José Basílio da Gama (1741-1795), nascido em São João del Rei, MG. Estudou com os Jesuítas no RJ até a expulsão destes do Brasil pelo Marquês de Pombal. Foi para Itália e ingressou na Arcádia Romana, adotando o pseudônimo de Termindo Sipilío. Escapou de acusações de jesuitismo escrevendo elogios ao casamento da filha do Marquês de Pombal. Escreveu O Uruguai ajudado por este e o publicou em 1769. A segunda passagem é uma das passagens mais famosas de sua obra: a morte de Lindóia.



Principais Obras



O Uraguai (1769)
Prólogo:
O Uraguai é um poema épico escrito por Basílio da Gama em 1769, conta de forma romanceada a história da disputa entre jesuítas, índios (liderados por Sepé Tiaraju) e europeus (espanhóis e portugueses) nos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul. Tinha também o intuito de descrever o conflito entre ordenamento racional da Europa e o primitivismo do índio.


A declamação trágica (1772)
(Um inédito recuperado)
Prólogo:

Tu, que os costumes nossos melhor que ninguém pintas,
Ensina-me o segredo, com que dás alma às tintas.
Empresta-me as imagens, a quem dão vida as cores,
Quadros, que a tua mão quis semear de flores.
Tu nos deixaste as leis dos números diversos,
Despréaux, eu canto a Arte de recitar os versos.



Quitúbia (1791)



Tu, Deusa de cem bocas, que nos pintas
As ondas do Mar Negro em sangue tintas,
E o Niester incerto, e irresoluto
Sem saber a quem pague o seu tributo,
Eterno assunto de doiradas Liras;
Agora, que dos Reis dormem as Iras,
Teus olhos sobre a escura África estende;
Depois, alada Deusa, os ares fende,
E entoa, ao som de bárbara trombeta,
O forte Capitão da Guerra Preta.


Tomás Antônio Gonzaga


Nascido em Porto (1744-1810) de pai brasileiro, estudou na BA e formou-se em Coimbra em Direito, sendo um jurista habilidoso. Envolvido na Inconfidência é preso em 23/05/1789 e mandado para a prisão no Rio de Janeiro. É deportado para a África em 1792. Na África se casa com uma rica herdeira, recupera fortuna e influências e morre, provavelmente, em 1810. Produziu pouco, exceto no curto tempo em que esteve em MG. Apaixonado por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, escreveu Marília de Dirceu em sua homenagem. Ele ia casar-se com ela e partir para a Bahia assumir um cargo de desembargador, mas foi preso uma semana antes. Segundo suas poesias ele não participava da Conjuração, apesar de ser amigo de Cláudio Manuel da Costa. De fato, Gonzaga, acusado de ser o mais capaz de dirigir a Inconfidência e ser o futuro legislador, não suportava Tiradentes. Escreveu também as Cartas Chilenas, que satirizavam seu desafeto, o governador Luís Cunha Meneses. Sua obra apresenta características transitórias para o Romantismo, como a supervalorização do amor e a idealização da mulher em Marília de Dirceu.

Principais Obras


Marília de Dirceu (1792)

Trecho:
“Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos ainda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder de meu cajado.”


Cartas Chilenas
(Publicado um pouco antes da ‘Inconfidência Mineira’)

Trecho:
" Assim o nosso chefe não descansa
De fazer, Doroteu, no seu governo,
Asneiras sobre asneiras e, entre as muitas,
Que menos violentas nos parecem,
Pratica outras que excedem muito e muito
As raias dos humanos desconcertos."


Comentário: 
Tomas Antonia, foi muito inteligente, em usar um pseudônimo para não ser identificado, e se dizer esta no Chile para que o governador nem desconfiasse que as criticas tivesse vindo dele...
 


Santa Rita Durão


O Frei José de Santa Rita Durão (1720-1784), orador e poeta, pode ser considerado o criador do indianismo no Brasil. Seu poema épico Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil; foi escrita ao estilo de Camões, imitando um poeta clássico assim como faziam os outros neoclássicos (árcades). Santa Rita Durão nasceu em Cata Preta (MG) e mudou-se para a Europa aos 11 anos de idade, onde teve grande participação política. Foi também um grande orador.

Principais Obras


Caramuru
Prólogo:
Caramuru é um poema épico do frei Santa Rita Durão, escrito em 1781. Conta a história de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, náufrago português que viveu entre os índios. O livro alude também a sua esposa, Catarina Paraguaçu, como visionária capaz de prever as futuras guerras contra os neerlandeses. Relata toda a trajetória de Caramuru, assim como muitos fatos da história brasileira. É um livro de importância incontestável para a literatura brasileira arcadista de 1781.




Alvarenga Peixoto


Inácio de Alvarenga Peixoto, poeta brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro, provavelmente em 1744, pois em novembro de 1789, declarava ter 45 anos. Morreu em Ambaca, Angola, na África, 01/01/1793. Era filho de Simão de Alvarenga Braga e de Ângela Micaela da Cunha.
 Feito os estudos básicos, talvez com os jesuítas na cidade natal e, depois de charelando-se em Leis na Universidade de Coimbra em 1767, um ano antes de seu primo Gonzaga, com o qual escolheu a carreira judiciária. Logo depois de formado, por intermédio de seu protetor, conseguiu do marquês de Pombal que governava o reino, o posto de juiz-de-fora de Cintra, cargo que ocupou durante três anos.
 Saudoso da Pátria, regressou ao Brasil. Alvarenga Peixoto pertenceu a Arcádia mineira, sob o pseudônimo de Alceu e Eureste Fenício.


Enéias no Lácio

Era filho de Afrodite e do mortal Anquises. Destacou-se por sua brilhante atuação na mítica guerra de Tróia , transformando-se num dos maiores e mais valorosos heróis troianos. Quando a cidade foi definitivamente tomada pelos gregos, Enéias partiu de Tebas levando seu pai nos ombros e seu filho Ascânio pela mão. Sua esposa Creúsa, filha do rei Príamo havia desaparecido misteriosamente como uma sombra, dizem que raptada por Afrodite ou Réia.




Liras
                 (A Bárbara Heleodora, sua esposa, remetidas do cárcere da Ilha das Cobras)


Trecho:

“Bárbara bela,

Do norte estrela,

Que o meu destino

Sabes guiar,

De ti ausente,

Triste, somente

As horas passo

A suspirar.”

 

Romanceiro da Inconfidência

(CECÍLIA  MEIRELES)


Não posso mover meus passos
Por esse atroz labirinto
De esquecimento e cegueira
Em que amores e ódios vão:
-    pois sinto bater os sinos,
percebo o roçar das rezas,
vejo o arrepio da morte,
à voz da condenação;
-    avisto a negra masmorra
e a sombra do carcereiro
que transita sobre angústias,
com chaves no coração;
-    descubro as altas madeiras
do excessivo cadafalso 
e, por muros e janelas,
o pasmo da multidão.
 
Comentário: 
Romanceiro da Inconfidência, de “Cecília Meireles” 
fala um pouco
 sabre a colonização de Minas Gerais no Século XVII 
até a inconfidência Mineira.
 Ela fala da escravidão dos escravos da África, e alguns
 episódios retrata
 a exploração do ouro, e dos diamantes no Sec. 18.